CEGUEIRA
Cada batida é um tortura
Cada respiro é um tormento
O que faço com a vida
Só quero paz nesse momento.
Cada lágrima que derramei
Foi banhada pela dor
Do passado que não volta
Das lembranças do amor.
O que fiz, o que farei
Me perco nas entrelinhas
Não sei o que passei
Onde irei, por que irei.
O ar exala seu cheiro
Nas paredes fotos incolor
Nas palavras, agulhas pontudas
Em minhas palavras, apenas a dor.
O coração que sobrevive
Às cicatrizes que ficaram
Atormentado pelos pesadelos
De sonhos que me excitavam.
Do sorriso restaram as linhas
Marcadas pela saudade
O rosto que era corado
Agora é tão pálido.
Não há como saber
Não há como fugir
É um círculo que persiste
É um fim que recomeça.
Orquestrada a armadilha
Almejada e vigiada
Tão covarde foi o bote
Que o veneno levou a morte.
O discurso perturbador
A luxúria repugnante
O amor que lhe dedicara
Virara pó naquele instante.
O que virá é um mistério
O tempo é o senhor ventrículo
As promessas que não cumpriu
Me repetem ao mês de abril.
Eram apenas palavras
Escritas na areia
Levadas pelas ondas
Do mar na maré cheia.
Não sei se o que virá
Será a fênix renascendo
Ou a morte por solidão
No mundo do esquecimento.